Edição do
dia 13/06/2012
13/06/2012
09h37 - Atualizado em 13/06/2012 09h37
Os
efeitos do aquecimento global já podem ser sentidos no Brasil. O Bom Dia revela
os resultados de uma pesquisa inédita da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), que
comprova o impacto na produtividade da nossa agricultura. Veja na terceira
reportagem especial de Míriam Leitão, Gustavo Gomes, Luiz Paulo Mesquita e
Cesar Davi.
A
natureza está em fúria com chuvas extremas, secas longas, o mar subindo e o
solo virando deserto. Os cientistas mediram, discutiram e provaram: o clima
está mudando e a humanidade precisa se proteger e evitar o pior. Que riscos o
Brasil corre? É o que fomos perguntar na Embrapa Informática em Campinas que,
com dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) montou um centro de
tecnologia de informação sobre mudanças climáticas. O alerta não pode ser
ignorado.
“O Brasil
é um país vulnerável, e essa vulnerabilidade começa exatamente na região
costeira. Você caminha um pouco para o interior e a agricultura também tem a
sua vulnerabilidade e também as cidades. No meu entendimento, a região nordestina,
do semi-árido nordestino, é a que mais vai ser atingida”, afirma Eduardo Assad,
agroclimatologista da Embrapa.
Um estudo
da Embrapa mostrou que no Centro-Oeste, por exemplo, nos últimos 70 anos, o
volume máximo de chuva diária subiu de 120 milímetros para 200 milímetros. E o
aquecimento do planeta? Eles compararam a temperatura do pior cenário imaginado
pelos cientistas com o que realmente aconteceu. E houve mais calor do que o
previsto. A conclusão é de que as mudanças climáticas já afetam o Brasil.
Noites
mais quentes prejudicam o milho e o algodão. Quedas repentinas de temperatura
impedem a floração do café. A redução da oferta de água tira a produtividade da
soja.
O Brasil
está perdendo árvores como a sumaúma. As pessoas contam que ela retém a água no
período da cheia e libera no período da seca. Nós não podemos abrir mão delas,
porque o futuro do planeta terá menos água.
A árvore
está no meio da Amazônia. Parece longe dos centros urbanos, mas são as nuvens
formadas na região Norte que garantem as chuvas no Sudeste.
Fomos à
parte mais verde da maior cidade do Brasil, São Paulo. A proteção do patrimônio
natural é uma questão dos grandes centos urbanos e da floresta, de São Paulo e
da Amazônia.
Quem vive
na cidade está preocupado com o engarrafamento, com o preço dos alimentos. Quem
produz no campo, quer sol e água, no tempo certo. Mas tudo está ligado. Os
gases de efeito estufa emitidos nas cidades e no campo pioram a vida urbana,
aumentam o risco da agricultura. E as sementes da solução podem estar sendo
destruídas.
“Com o
cerrado do jeito que está, nós podemos produzir muito e precisamos investigar
as plantas que estão ali. São 12 mil espécies que nós não conhecemos e que têm
um valor inestimável para fitoterápicos, para soluções de alimentação, para biosoluções”,
diz Assad.
A Sinop
nasceu nos anos 70, quando o governo distribuiu grandes áreas de terra para
empresas, para forçar a ocupação da Amazônia. Sinop é uma sigla que quer dizer
Sociedade Imobiliária do Noroeste Paranaense e fica no Mato Grosso. É uma área
de transição entre cerrado e Amazônia, entre pecuária, agricultura e floresta,
entre velhas e boas práticas.
Naquela
época, a lógica era derrubar tudo. Árvore no chão é que era riqueza. Muita
gente ainda pensa assim.
Fomos ao
pátio de apreensões do Ibama na
Sinop. Nos primeiros meses deste ano, foram R$ 78 milhões em multas. Foram 125
autos de infração, 7 mil hectares de terras embargadas, e 41 tratores
apreendidos.
Um trator
é adaptado para o desmatamento. Ele tem garras que arrastam os troncos das
árvores que eles acham que têm maior valor comercial. Tratores que deveriam ser
usados na agricultura são usados para o desmatamento. Eles têm estas lâminas
que derrubam as árvores também de maior valor comercial. Ao fim, é colocado o
correntão. Com dois tratores e o correntão, as árvores são derrubadas. Depois
de tudo, o fogo e a destruição.
No
momento em que nós visitávamos Sinop, o Ibama fez o maior flagrante de
desmatamento do ano na região. Foram 500 hectares com uso do correntão. O Ibama
de Sinop tem que cobrir 30 municípios. E, por isso, atua com metas.
“A
estratégia é descapitalizar o potencial infrator. Nós vamos retirar o
equipamento dele. E se ele ainda persistir, nós vamos retirar o grão que ele
produzir”, explica Evandro Selva, gerente do Ibama / Sinop.
O Bom Dia
Brasil ligou para o dono das terras. Ele disse que estava refazendo o pasto:
"Talvez eu tenha feito errado de não ter buscado uma licença de limpeza de
pastagem. Acho que foi o meu grande erro. Eu não sabia que tinha que ter a
necessidade de arrumar uma licença dessas, entendeu?”
Há uma
outra ameaça. Ela ronda os mares. O economista Jose Eli da Veiga alerta. O uso
excessivo de produtos químicos na agricultura mata a vida nos oceanos.
“Para
produzir alimentos em grande escala e alimentar a enorme população crescente no
mundo usamos fertilizantes nitrogenados que, em excesso, entra na terra e chega
aos mares. Nós estamos matando os mares e os oceanos são mais importantes para
a estabilidade da vida na terra que as florestas”, explica José Eli da Veiga.
Estamos
todos juntos no mesmo planeta. Estamos todos correndo os mesmos riscos.
Conflitos entre países ricos e pobres. Agricultura e meio ambiente. Cidade e
campo. Não fazem sentido.
Quando o clima muda, a agricultura perde.
Quando o clima muda, a agricultura perde.
As
plantas da caatinga, do cerrado, da Amazônia, têm segredos que ajudarão a
produzir alimentos em tempos difíceis.
A vida
precisa ser protegida nas florestas, nas cidades, nos oceanos. Vinte anos
depois, o mundo volta ao Rio de Janeiro com velhos medos e uma nova esperança.
Bem vindo
planeta Terra. Boa sorte a todos nós.
Fonte:
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2012/06/nordeste-vai-ser-o-mais-atingido-por-mudancas-climaticas-diz-especialista-da-embrapa.html
( 19/06/2012)
ACESSO AO VÍDEO PELO SITE ACIMA
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