Por Edneida Rabêlo Cavalcanti
Foi apresentado terça, o documento da Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável) aprovado e foi encaminhado aos chefes de Estado e de governo nesta quarta-feira. A avaliação por parte das principais ONGs ambientalistas e especialistas na área é de que o texto é “aguado”.
A crítica deve-se principalmente a ausência de metas claras, pouca clareza quanto aos mecanismos de implementação e de financiamento das ações de desenvolvimento sustentável. Para cumprir prazos e concluir o texto colocou-se o resultado a frente do que deveria ser encarado, mesmo que para explicitar as divergências e as diferentes concepções em jogo. Parece daquelas situações em que todos vão concordando e arrumando um jeito de esvaziar as questões polêmicas, mesmo que isso gere insatisfações, concordando pelo cansaço e/ou por saberem que o documento não faz tanta diferença assim.
Para exemplificar, no texto existe referência à necessidade de diminuir os impactos ambientais, mas não está escrito o quanto e muito menos como. Por sua vez, no que diz respeito aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), visto por muitos como uma das possíveis inovações da negociação, o texto é abstrato ao não definir temas, números e prazos. Para compensar, é sugerida a criação de um comitê para iniciar um processo que deverá apresentar um relatório posterior sobre os ODS.
Além da crise financeira mundial e outras tantas dificuldades usadas para justificar os poucos avanços na Rio+20, deve-se considerar o próprio desenho projetado para a realização do evento. Ou seja, não está em pauta a avaliação dos motivos pelos quais os acordos já provados não têm sido cumpridos, daí a importância que tem a realização da Cúpula dos Povos, principal evento que mobiliza a sociedade civil, que destaca pontos incômodos e causas estruturais no que toca aos poucos avanços obtidos desde a Rio 92.
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