terça-feira, 18 de janeiro de 2011

China supera os EUA e já é o maior produtor mundial de energia eólica


A expressão “negócio da China” tem origem no contato comercial entre Ocidente e Oriente, segundo a mestre em História Rainer Sousa. O termo faz alusão aos negócios vantajosos obtidos no final da Idade Média pelos comerciantes europeus que revendiam as sedas, temperos, ervas, óleos e perfumes orientais no chamado "velho mundo".

Atualmente, a energia proveniente dos ventos é o grande negócio da China, país que recentemente ultrapassou os Estados Unidos em capacidade instalada, ocupando agora o topo do ranking mundial nessa matriz energética renovável.

No total, os parques eólicos chineses já somam 41.800 megawatts (MW) de potência - em junho eles tinham 33.800 MW, contra 36.300 dos EUA. Só para se ter ideia, o ritmo de instalação de novos parques eólicos na China é seis vezes superior ao dos norte-americanos.

Ao longo de 2010 foram adicionados mais 15.800 MW à capacidade existente – o equivalente a quatro vezes a potência eólica instalada de Portugal. “Era esperado”, afirmou ao jornal português Público Antonio Sá da Costa, presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (Apren). “Os chineses estão atrasados no consumo de eletricidade, têm de instalar capacidade o mais rapidamente possível e já perceberam que as renováveis são o futuro”, completou.

Opinião semelhante tem o especialista em energias renováveis Carlos Pimenta, que lembra que a população chinesa migra cada vez mais do campo para as cidades, em um processo que implica maior consumo de energia. “O Estado chinês há muito tempo que percebeu que vai precisar de muito mais energia”, ressaltou Pimenta.

Em 2010, o consumo de energia elétrica no país subiu 14,6%, segundo dados divulgados na segunda-feira, 17 de janeiro, pelo Conselho de Eletricidade da China, citados pela agência Xinhua. Cerca de um quarto da eletricidade do gigante asiático (26,5%) é gerada por fontes não-fósseis: hidrelétricas (22,2%), eólicas (3,2%) e nuclear (1,1%).

A China já domina a maior parte do mercado mundial de painéis solares. Na energia eólica, parte dos aerogeradores instalados são produzidos no próprio país, mas ainda são os europeus que lideram o mercado. “É uma questão de tempo”, avaliou Carlos Pimenta, ao observar que, com o atual ritmo de crescimento, os chineses também dominarão tal tecnologia.

Vários acordos comerciais na área das energias renováveis são esperados durante a visita que o presidente chinês, Hu Jintao, inicia nesta terça-feira (18) aos Estados Unidos, segundo adiantou a agência Reuters. Ambos os países competem pelo mercado mundial nessa área, além de carregarem o indigesto posto de nações mais poluentes do planeta.

Rompimento de barreira impulsionou setor

Em janeiro de 2010, o EcoD noticiou que a China, até então na quarta colocação doranking mundial da energia eólica (Global Wind Energy Council - GWEC), atrás dos EUA, Alemanha e Espanha, poderia estar algumas posições a frente, caso não fosse um limite do governo que exigia que 70% das peças das turbinas dos aerogeradores tivessem origem nacional.

A retirada da exigência de parte da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento, principal organismo de planejamento chinês, acabou com a barreira protecionista e foi fundamental para impulsionar o setor no país.

Segundo o climatologista Michael McElroy, da Universidade de Harvard, o vento que sopra na China pode suprir toda a demanda energética do país até 2030, caso US$ 4,6 trilhões sejam investidos em um período de 20 anos - este valor corresponde a quase o triplo do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Hoje, as duas maiores usinas de energia eólica do mundo estão em construção na China. A maior, na Província de Gansu, terá capacidade de 20 gigawatts e investimentos de R$ 30 bilhões. Em 2020, ela poderá gerar 20 vezes mais energia do que o parque de Roscoe, no Texas (EUA), hoje a maior do planeta. Já a segunda, em Ordos, contará com 12 gigawatts de potência instalada, mas com um diferencial: além da energia eólica, também produzirá a solar e biomassa.



Fonte: ecodesenvolvimento.org.br

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