terça-feira, 28 de setembro de 2010

Conheça os principais compromissos firmados na Cúpula dos ODMs


Realizada em Nova York nos dias 20 a 23 de setembro, a Cúpula das Nações Unidas sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) terminou com a adoção de um plano de ação global para alcançar as oito metas até a data limite de 2015 e o anúncio de novos e importantes compromissos para a saúde das mulheres e das crianças, entre outras iniciativas contra a pobreza, a fome e as doenças.

O documento final da cúpula de três dias, intitulado Cumprindo a promessa: Unidos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, reafirma o compromisso dos líderes mundiais em relação aos ODMs e estabelece uma agenda de medidas concretas para alcançar as metas até 2015.

Baseado em exemplos de sucesso e lições aprendidas ao longo dos últimos dez anos, o documento enuncia medidas concretas a serem tomadas por todos os parceiros para acelerar o progresso em cada um dos oito objetivos. Ele também afirma que, apesar dos contratempos devido à crise econômica e financeira, progressos têm sido feitos no combate à pobreza, aumento das matrículas escolares e melhoria da saúde em muitos países.

Uma série de outros compromissos significativos relacionados a cada um dos oito bjetivos foi feita por governos, organizações internacionais e representantes de empresas. A Unic Rio selecionou os principais deles:

Objetivo 1: Erradicar a Pobreza Extrema e a Fome

  • O Banco Mundial vai reforçar o apoio à agricultura entre US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões por ano durante os próximos três anos, acima dos US$ 4,1 bilhões anuais anteriores a 2008, no contexto do Plano de Ação Agrícola para ajudar a aumentar a renda, a segurança do emprego e a segurança alimentar nos países menos desenvolvidos;
  • A Coreia do Sul prometeu US$ 100 milhões em apoio à segurança alimentar e à agricultura nos países em desenvolvimento;
  • O Chile anunciou uma “Iniciativa de Renda Ética da Família”, a ser lançada em 2011, para complementar a renda das famílias mais pobres e aquelas mais vulneráveis da classe média;
  • A iniciativa “Monster.com” está empenhada em expandir o acesso a oportunidades de emprego para a juventude rural na Índia, promovendo o acesso à Rozgarduniya.com, um portal de empregos na internet, presente em 40 mil aldeias em nove estados da Índia.

Objetivo 2: Atingir o Ensino Primário Universal

  • O Banco Mundial vai aumentar a concessão de investimentos na educação básica em US$ 750 milhões, com foco em países que não estão no bom caminho para alcançar os ODMs até 2015, especialmente na África Subsaariana.
  • A Dell se comprometeu a conceder US$ 10 milhões para iniciativas de tecnologia da educação este ano.

Objetivo 3: Promover a Igualdade de Gênero e o Fortalecimento da Mulher

  • O Earth Institute [Instituto Terra], a Ericsson e o Millennium Promise lançaram o “Conectado para Aprender”, uma iniciativa sem fins lucrativos de educação global para melhorar o acesso e a qualidade do ensino secundário para as crianças em todo o mundo – especialmente para as meninas. A iniciativa oferecerá bolsas de estudo de três anos em escolas secundárias, abrangendo despesas escolares, livros, uniformes, bem como acesso à tecnologia de banda larga. As primeiras 100 bolsas serão disponibilizadas nas Aldeias do Milênio em Gana e na Tanzânia, nos próximos 100 dias;
  • A UPS International: prometeu US$ 2 milhões para a Associação Mundial das Guias e Escoteiras, para o fortalecimento das mulheres por meio de liderança e programas de sustentabilidade ambiental em 145 países;
  • A ExxonMobil se comprometeu com US$ 1 milhão em uma parceria com a associação de empreendedores sociais Ashoka: [Ashoka Changemakers], o Conselho Internacional do Laboratório de Pesquisa sobre Mulheres e Mercados Emergentes para apoiar tecnologias que ajudam as mulheres a aumentar sua produtividade e participar mais eficazmente na economia. O programa deverá beneficiar diretamente mais de 13.500 pessoas, com benefícios indiretos, atingindo mais de 475 mil nos próximos dois anos.

Objetivo 4: Reduzir a Mortalidade Infantil e Objetivo 5: Melhorar a Saúde Materna

  • Criação de um fundo orçado em US$ 40 bilhões (o equivalente a R$ 68 bilhões) para cuidar da saúde de mulheres e crianças no mundo. Os recursos serão aplicados nos próximos cinco anos no intuito de preservar 16 milhões de vidas e garantir o cumprimento de parte dos ODMs. A ONU explicou que os US$ 40 bilhões foram prometidos por governos, grupos privados e instituições filantrópicas;
  • O Canadá reafirmou o compromisso de mobilizar mais de US$ 10 bilhões do G8 e dos líderes fora do G8, principais doadores e fundações privadas, ao longo dos próximos cinco anos, por meio da Iniciativa “Muskoka” para a saúde materna, neonatal e infantil, adotada na Cúpula do G8;
  • Trinidad e Tobago anunciou o lançamento do Fundo para a Vida das Crianças, para a prestação de cuidados de emergência médica e cirúrgica de crianças para procedimentos médicos que não podem ser acessados em Trinidad e Tobago;
  • Os hospitais LifeSpring estão comprometidos em fornecer a cerca de 82 mil mulheres indianas e suas famílias acesso aos cuidados de saúde de qualidade. Nos próximos cinco anos, a LifeSpring irá aumentar o número de hospitais que servem às mães e crianças em toda a Índia de 9 para 200, o que vai melhorar os padrões globais de cuidados e reduzir as taxas de mortalidade materna e infantil.

Objetivo 6: Combater o HIV/AIDS, Malária e Outras Doenças

  • A França anunciou um financiamento de US$ 1,4 bilhão para o Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária para 2011-2013, o que representa um aumento de 20%. É a primeira de uma série de promessas esperadas antes da reunião do Fundo Global prevista para os dias 4 e 5 de outubro. [Nota: 46% deste compromisso (a parcela diretamente atribuível à saúde das mulheres e crianças) está incluído nos US$ 40 bilhões para a Estratégia Global para a Saúde das Mulheres e das Crianças.];
  • O Reino Unido anunciou que triplicará sua contribuição financeira para combater a malária, aumentando os seus fundos para o combate à doença de £150 milhões por ano para £500 milhões até 2014;
  • O Banco Mundial anunciou um aumento no escopo de seus programas de saúde baseados em resultados em mais de US$ 600 milhões até 2015, como forma de ampliar serviços essenciais de saúde e nutrição, bem como reforçar os sistemas de saúde subjacentes em 35 países, especialmente no Leste da Ásia, Sul da Ásia e África Subsaariana;
  • A Sumitomo Chemical se comprometeu a doar 400 mil redes antimalária para cada uma das Aldeias do Milênio entre 2010 e 2011. A medida dá continuidade à doação anterior, em 2006, de 330 mil redes.

Objetivo 7: Garantir a Sustentabilidade Ambiental

  • Os Estados Unidos anunciaram um compromisso de pouco mais de US$ 50 milhões nos próximos cinco anos para uma Aliança Global para Fogões de Cozinha Limpos, uma parceria público-privada liderada pela Fundação das Nações Unidas que pretende instalar 100 milhões de fogões de queima limpa nas cozinhas de todo o mundo;
  • Camarões anunciou um Programa de Desenvolvimento do Setor de Energia para dobrar a produção de energia limpa até 2015 e triplicá-la até 2020;
  • A WaterHealth International se comprometeu com a construção de 75 usinas de purificação de água em Bangladesh e com a expansão de sua atual rede de estações de tratamento de água para outros 100 vilarejos na Índia, oferecendo acesso à água potável para 175 mil pessoas em comunidades com pouco acesso a este recurso natural em Bangladesh e na Índia;
  • A PepsiCo se comprometeu a garantir o acesso à água potável para três milhões de pessoas em todo o mundo até 2015.

Objetivo 8: Parceria Global para o Desenvolvimento

  • A União Europeia ofereceu um financiamento no montante de €1 bilhão para os países mais necessitados em fazer avançar os objetivos.
  • A Bélgica prometeu €400 mil para a Quarta Conferência das Nações Unidas sobre os Países Menos Desenvolvidos, que será realizada em Istambul, na Turquia, em 2011.

Fonte: www.ecodesenvolvimento.org.br

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Fontes de financiamento socioambientais crescem no Brasil


Seguindo uma tendência mundial, bancos e instituições financeiras no Brasil estão abrindo linhas de crédito para projetos sustentáveis. A consciência dos impactos socioambientais que cada empreendimento gera na região na qual está inserido e o vislumbre de bons negócios tem feito com que banqueiros e empresários se unam em prol do desenvolvimento sustentável.
Esses investimentos oferecem vantagens financeiras que incluem taxas mais baixas e prazos maiores. Assim, quem planeja abrir ou ampliar a área de atuação com ênfase na proteção ambiental e desenvolvimento social já pode contar com planos especiais oferecido por bancos como o BNDES, Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e SUDENE.
Seja em forma de apoio não-reembolsável, como o Fundo Amazônia, a Iniciativa BNDES Mata Atlântica ou o Fundo de Desenvolvimento Tecnológico (FUNTEC), ou de apoio reembolsável, com a Linha de Apoio a Investimentos em Meio Ambiente, o Apoio a projetos de eficiência energética (PROESCO) e FNE Verde, são muitas as opções para o futuro empresário.
Os empreendimentos podem seguir diversos ramos, como agropecuária orgânica, incluindo a conversão dos sistemas tradicionais para orgânicos, geração de energia alternativa, manejo florestal, tecnologias limpas, estudos ambientais, reflorestamento, agrossilvicultura e sistemas agroflorestais, coleta e reciclagem de resíduos sólidos, implantação de sistemas de gestão ambiental e certificação, recuperação de áreas degradadas, entre outras.
Protocolo Verde
Essa nova proposta de investimentos ganhou reforço em 2009, quando os bancos brasileiros assinaram o Protocolo Verde. O documento prevê a concessão de financiamento apenas a setores comprometidos com a sustentabilidade ambiental, e os bancos assumem o compromisso de oferecer linhas de financiamento e programas que fomentem a qualidade de vida da população e o uso sustentável do meio ambiente.
Além disso, eles devem considerar os impactos e custos socioambientais na gestão de seus ativos e na análise de risco de cada projeto, bem como adotar medidas de consumo sustentável em suas atividades rotineiras, como gasto de papel, energia e insumos.
“Poderíamos financiar qualquer coisa que gere emprego e renda, mas queremos financiar emprego e renda boa”, afirmou o superintendente da SUDENE, Paulo Sérgio de Noronha Fontana. Para ele, o futuro será de projetos cada dia mais limpos.
Quem concorda com o pensamento de Fontana é o gerente de suporte de negócios do BNB, Marcelo Ferreira. Ao apresentar as propostas do banco para projetos sustentáveis durante o Simpósio Internacional de Sustentabilidade, realizado em Salvador entre os dias 13 e 15 de setembro, ele ressaltou a importância do investimento em projetos com cunho socioambiental e defendeu o uso do crédito como um instrumento mitigador das diferenças sociais.
Esses financiamentos tem se mostrado vantajosos também no quesito econômico. “Segundo o Índice de Sustentabilidade da Dow Jones, investir em projetos com práticas socioambientais te dá um retorno 30% superior que o índice normal”, informou o chefe de Deptº de Estudos Políticos de Meio Ambiente do BNDES, Márcio Macedo da Costa.
Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), essas aplicações são contabilizadas pelo Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) – uma carteira de ações que busca ser um referencial para os investimentos socialmente responsáveis.
O ISE tem por objetivo refletir o retorno das ações de empresas que investem na responsabilidade socioempresarial, e também atuar como promotor das boas práticas no meio empresarial brasileiro. Até o dia 15 de setembro deste ano, o índice registrou valorização de 1,93%. No ano passado, o indicador finalizou com elevação de 66,4%.
Tendência mundial
O pacto segue à tendência internacional de créditos verdes, já que desde os Princípios do Equador, criados pelo Banco Mundial em 2003, diversos bancos internacionais passaram a exigir, como condição para empréstimos, que seus clientes inserissem a variável ambiental em seus projetos de financiamento.
Grandes instituições financeiras mundiais, como ABN Amro, Bank of America, Barclays, BBVA, CIBC, Citigroup, HSBC, Mizuho Corporate Bank, Royal Bank of Canadá e Royal Bank of Scotland, já aderiram aos princípios.
fonte: www.ecodesenvolvimento.org.br

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A bolha Brasil

Contrariamente ao que se tem propagado, os fundamentos da economia brasileira não estão sólidos. Por mais que se apregoe o contrário, o crescimento não é sustentável. A recente explosão de consumo foi antes uma resposta a estímulos fiscais e creditícios de curto prazo, e não devido a uma revolução na estrutura produtiva do País.
A crise internacional iniciada em 2008 (sem data para acabar) levou o governo a adotar medidas como a redução do IPI sobre automóveis e o aumento do crédito ao consumidor, fazendo uso dos bancos oficiais, em condições nunca sonhadas: prazos de 60 meses, juros abaixo de 2% ao mês e um bom período de carência. A classe média nunca se viu tão endividada e os lucros do Banco do Brasil foram às alturas.
Alguns economistas saudaram essas ações como keynesianas. Contudo, observe-se que Keynes propunha interveniência anticíclica via aumento do investimento, e somente após e em decorrência deste, é que se teria o aumento do consumo. O que se vê agora é o contrário. Estimula-se prioritariamente o consumo, o das famílias e o do governo, seja por meio do crédito fácil, seja por redução de impostos, ou ainda devido ao aumento da folha dos servidores. O investimento público e privado, ao contrário, mantém-se baixo, em torno de 18% do PIB, deste modo virando Keynes de ponta-cabeça.
Na economia real, as famílias anteciparam suas aquisições, aproveitando os estímulos temporários, concentrando em poucos meses o que consumiriam nos próximos anos. Infelizmente, depois de um surto consumista, vem sempre uma crise de sustentabilidade, em particular, no setor de imóveis e de bens duráveis em geral.
Enquanto isso, os projetos públicos de investimentos em infraestrutura permaneceram pífios porque o governo optou por expandir seus gastos correntes, em detrimento de projetos estruturadores, embora cuide de repelir qualquer rumor acerca de falta de dinheiro, atribuindo ao Ibama, ao TCU e à Lei 8.666, o atraso de suas obras.
Em economia, não há mágicas. O governo lançou a esmo um Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC-1, sabendo que não iria realizá-lo. Em Pernambuco, especialmente, só obtivemos promessas. Nem mesmo a duplicação da BR-101-Norte foi concluída. Ainda assim, para fins eleitoreiros, o governo lançou o PAC-2, o qual, cúmulo da ironia, prevê a duplicação da BR-101-Sul. Se o PAC-1 foi irresponsável, o PAC-2 é imoral.
Em meio a este cenário, as pessoas confundem políticas demagógicas com políticas de desenvolvimento sustentável. A popularidade do presidente Lula tornou-se tão elevada que mesmo os políticos de oposição hesitam em criticá-lo (fenômeno a que Krugman chamaria de pop internationalism, uma unanimidade em cima do pensamento fácil). Não obstante, o chefe do executivo erra, ao favorecer o hoje em prejuízo do amanhã.
O aumento do consumo desconectado do aumento de produtividade gera desequilíbrios de médio e longo prazo, tais como, inflação, desequilíbrio fiscal, déficit comercial, elevação dos juros, endividamento das famílias, congestionamentos em geral (de trânsito, de serviços) e maior pressão sobre o meio ambiente.
O impaludismo consumista somente não deixará sequelas se admitirmos que nos próximos anos as famílias consigam, simultaneamente: (a) pagar os juros dos empréstimos, (b) amortizar suas dívidas e (c) manter o atual ritmo de consumo. Como não há nada que justifique tais expectativas (pois a produtividade do trabalho e do capital não foram substancialmente alteradas via investimento), dificilmente teremos um desfecho feliz para esta história.
Muito provavelmente o governo precisará induzir inflação para amenizar a dívida pública interna, trazendo alívio também aos devedores privados que tenham seus empréstimos a juros pré-fixados. Outra hipótese é a de que a economia passará por um período recessivo de modo a acomodar os exageros do biênio 2009/2010, ameaçando, por inadimplência, todo o sistema financeiro.
Publicado no JORNAL DO COMMERCIO, Recife, em 18.09.2010

Por Jacques Ribemboim (economista) , jacquesribemboim@oi.com.br

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Exemplo de Empresa Sustentável

Vale: a complexa trilha da sustentabilidade

Presente em 34 países, representada em todos os continentes e com lucros que atingem sempre a casa dos bilhões. Com um olhar superficial pode-se chegar à conclusão de que a Vale é uma empresa sem grandes obstáculos a superar. Porém, esta não é a realidade. Como muitas das grandes empresas do mundo, a mineradora busca agora vencer um novo desafio, o da sustentabilidade. Estabelecer um relacionamento justo com o meio ambiente e as comunidades são os alicerces da construção deste objetivo, e investimento em infraestrutura, capacitação profissional e geração de renda são as ferramentas escolhidas.Suas operações no Brasil estão centralizadas principalmente nos estados de Minas Gerais e Pará, de onde extrai anualmente quase 300 milhões de toneladas de minério de ferro, sua principal fonte de receita. Atualmente as minas localizadas no estado mineiro produzem o dobro das paraenses, mas é no estado do norte que a empresa aposta suas fichas para o futuro. Pensando no crescimento de suas operações no Pará, a empresa direciona grande parte de seus investimentos sociais para esta região. “Antes de nos instalarmos em uma localidade, fazemos um mapeamento das carências e necessidades da área, e, em parceria com as prefeituras, investimos em infraestrutura. Avaliamos desde saneamento básico até educação e moradias. "Evitar os impactos da explosão demográfica é um compromisso da Vale”, explicou Silvio Vaz, diretor-presidente da Fundação Vale, braço institucional da empresa. Além de investimentos de base, pensando em qualificação profissional e qualidade de vida, a Fundação criou as Estações do Conhecimento. O projeto pretende implantar sedes em 18 cidades em todo o país. As duas primeiras já estão em funcionamento, uma na cidade de Parauapebas e outra em Tucumã, ambas no estado do Pará.Cada uma delas disponibiliza cursos profissionalizantes como construção civil, hotelaria e serviços, manipulação de alimentos, entre outros. Com quatro meses de duração, o curso dá ao aluno um certificado emitido pela Fundação, porém não reconhecido pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura).Na Estação de Tucumã, além da profissionalização, os jovens na faixa etária entre 6 e 18 anos podem participar do projeto “O Brasil Vale ouro”, que pretende preparar atletas para esportes de alto rendimento. Os interessados passam por uma triagem, e somente aqueles que apresentam potencial elevado são selecionados. Estes jovens podem treinar até completar 18 anos. Após a maioridade, os que tiverem o rendimento esperado, são encaminhados para um centro de excelência no Rio de Janeiro, e os demais, para um dos cursos profissionalizantes. “Nosso objetivo é ter pelo menos um atleta nas Olimpíadas de 2016”, declarou Silvio.Já na Estação do Conhecimento de Parauapebas, localizada na Área de Proteção Ambiental do Igarapé Gelado, além da educação profissionalizante e do esporte, os moradores podem contar com uma escola, onde serão atendidos cerca de 200 alunos do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Além disso, por estar em um local predominantemente rural, a Estação possui projetos voltados para o homem do campo. Existem 85 famílias de agricultores posseiros vivendo na região. Dentre elas, 53 estão incluídas no projeto de suporte às atividades rurais. Objetivando o aumento da renda destes produtores são oferecidos cursos voltados para a produção e o empreendedorismo. Os jovens aprendem formas de manejo da pecuária leiteira, avicultura e produção de frutas e hortaliças. Como incentivo, foram doadas a cada família sete cabeças de gado para pecuária leiteira. A infraestrutura necessária para a criação é custeada pela Vale. A produção do leite será absorvida pela Prefeitura Municipal e pela própria Vale, que atualmente supre sua demanda com importação.A Vale é uma empresa que investe maciçamente em projetos sociais e ambientais. Estes são apenas alguns exemplos. É inegável também a satisfação da população, em especial da região de Carajás, com os benefícios e o desenvolvimento trazidos pela empresa. Porém, estes são apenas alguns passos de uma longa caminhada. A sustentabilidade requer a integração do social e ambiental de maneira economicamente viável. Não é um objetivo impossível, mas com certeza é um processo longo e demorado. Falta ainda para a empresa uma visão conjunta destes aspectos e maior consciência de sua responsabilidade sobre a mensagem que deve passar a estas comunidades. Uma mineradora retira do meio ambiente sua riqueza, e, principalmente por isto, precisa valorizá-lo e mantê-lo sempre em local de destaque. Atitudes arriscadas, como o fomento à pecuária em meio a uma área de preservação, podem trazer consequências. Sem ofuscar o brilho das iniciativas, podemos dizer que as boas intenções são claras, porém, talvez em alguns casos, mal direcionadas.

Fonte:www.envolverde.com.br

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

9 de Setembro- Dia do Administrador

Administrador é protagonista da gestão da sustentabilidade


No transcurso do Dia do Administrador – 9 de Setembro, os profissionais de Administração estão focados na sustentabilidade, que compreende crescimento econômico com equilíbrio ambiental e justiça social. O princípio é promover uma interação entre o legado recebido da natureza pelas gerações presentes e aquele que será oferecido às gerações futuras. Este conceito conquista cada vez mais investidores e consumidores. A gestão da sustentabilidade requer disposição para a qualificação e o trabalho multidisciplinar, com visão integrada. As organizações passam a buscar gestores especializados nos seus aspectos técnicos e humanos. O conjunto de atribuições é eclético e inclui conhecer processos, pensar ações integradas, sugerir programas, acompanhar indicadores, elaborar relatórios e relacionar-se com a comunidade, mantendo interlocução com as ciências ambientais, as áreas de finanças, capital humano e marketing. Como afirma a consultora em desenvolvimento sustentável Priscilla Navarrette, “o maior desafio é orquestrar o processo de transformação na empresa”. Já o consultor ambiental Fábio Feldman realça “a importância de o profissional da sustentabilidade gerar espaços de diálogo e desenvolver a cultura sustentável dentro das companhias”.
O Administrador tem decisivo papel a desempenhar, aplicando sua expertise, suas competências e seus conhecimentos para o atendimento às novas demandas do Século 21. Uma das melhores coisas que podemos fazer pelo meio ambiente é agir bem na gestão dos seus recursos, substituindo antigos paradigmas por novas práticas gerenciais e produtivas.
A ciência da administração moderna é, sem dúvida, o caminho para a sustentabilidade.
(Texto adaptado)


Fonte: www.cra-pr.org.br

sábado, 4 de setembro de 2010

A Sociedade, a Economia e a Floresta


A estabilidade econômica e as oportunidades comerciais têm ampliado o crescimento do Brasil, o PIB tem crescido a dígitos cada vez maiores. As projeções e cenários e que haja um crescimento da economia de 6,7% ao ano (IBGE 2010). Crescendo a esse ritmo em duas décadas dobraremos nosso PIB.
Por outro lado, a volutabilidade do país tem diminuído com a redução da divida externa, contudo, não se pode dizer que os acontecimentos econômicos externos não podem influenciar na nossa economia, haja vista que a exportação tem sido um dos canais de escoamento da produção.
O Programa Minha Casa Minha Vida, propõe financiar um milhão de casas, a indústria automotiva vendeu 3,14 milhões de carros em 2009 e espera um crescimento de 18,9% em 2010. A indústria da construção civil tem vivido um boom de crescimento, assim como muitos outros setores da economia, além de que, a descoberta das resevas de petróleo do pré-sal põe o Estado em condições de ampliar o investimento e facilitar o crescimento.
Diante desse maravilhoso quadro para o presente e o futuro, estão os consumidores, os que adquiriram sua sonhada casa, realizaram a desejada reforma, a aquisição ou troca de carro. Tudo proveniente de oferta e participação de nossas florestas.
Como a floresta pode contribuir com um carro ou uma casa? Vejamos: O carro ― fabricado em chapas de aço ― necessita de lenha para os altos fornos, e carvão para o ferro-gusa que dá boa liga ao associar-se com o minério; Já a casa, teve seus tijolos e telhas queimados com lenha. Parte dessa lenha e carvão utilizados, veio do plantio e/ou de florestas manejadas ou mesmos de desmatamento.
Enquanto nos saciamos e a popularidade presidencial amplia ― as nossas florestas agonizam ― agoniza por serem usurpadas para gerar energia, matéria e produtos para diferentes seguimentos de consumo e produção.
Não tenho nenhum interesse de propor a parada do crescimento em função de que as florestas estão agonizando, agonizam por causa de uma sociedade que não teve oportunidade de acessar os bens historicamente desejados. Quero apenas registrar que não há desenvolvimento sem floresta, e da forma como vai, corre o risco de ficar sem elas.
Por traz da necessidade de crescimento é importante planejar, estimular e criar políticas que ampliem a oferta de bens florestais para suprir as necessidades de crescimento, e que o uso de lenha e carvão, não seja caracterizado como tecnologias caducas e ultrapassadas, mas, como bens renováveis e sustentáveis.
O crescimento da economia permite investimentos na educação e na cultura, proporciona lazer e bem estar social, isto se bem aplicados. Crescer é importante, contudo, a sustentabilidade está ameaçada, não pelo esgotamento das florestas em um ciclo que dobre o PIB, mas, pelos danos ocasionados pelo mau uso da floresta.
Usar a floresta não é ruim, dependendo da forma que é explorada. Exploração sem manejo, sem planejamento, ultrajando a legislação e desrespeitando o conhecimento empírico, é ruim.
Por outro lado, o processo legislatório de uso das florestas impõe tantas normas, regras e complacentismo ambiental que é mais tranquilo usar sem respeitar, fugindo do olho doente dos organismos ambientais.
As florestas fazem parte de nossa vida, favorecendo a conservação das nascentes, protegendo as margens dos rios, aquecendo-nos com uso da lenha, servindo de energia para caldeiras e fornos em indústrias, nas cerâmicas de telhas e tijolos, na indústria de cosméticos, na fabricação de papel, como goma celulósica usada nos cremes dentais, na borracha usada em luvas, camisinhas, sapatos e pneus, além de servirem de pastagem para caprinos, ovinos e bovinos, e como pasto apícola. As florestas estão em nossas lembranças, desde o nascimento, com um bercinho, até na passagem desse mundo para outro.
Não deveríamos chorar por ver uma árvore tombar ao ser cortada, com isso estaremos renegando o seu uso em nossa vida. É uma hipocrisia ser contra o uso das florestas, não podemos viver sem uso dos serviços, bens, e dos produtos florestais que são tão importantes e presentes em nossa vida, e ao mesmo tempo distante de nossas cidades que chegamos a desconhecer o que usamos, e em dados momentos até condenamos o uso.
Usar é importante, contudo, é preciso conhecer, estudar e planejar esse uso. Atividade que se dá a partir do inventário florestal, uma atividade que consiste em medir, identificar, quantificar o volume, definir a estrutura e a fitossociologia (tipo e quantidade de plantas na estrutura florestal). Essas informações somada a dados da fauna, solo e clima, subsidiam a estruturar um plano de uso, denominado de plano de manejo florestal, um instrumento que considera o uso, de modo que ao concluir um ciclo, a floresta apresente o mesmo volume e estrutura.
Nosso Estado e sociedade precisam facilitar e financiar a atividade florestal de forma que possibilite o uso sustentável das florestas, desta forma, nosso crescimento dar-se-á sem maiores danos ambientais. Também é importante ampliar o conhecimento das espécies nativas, o seu comportamento, produção, efeitos associativos, necessidade nutricionais, edaficas, climáticas e dentre outros.
Um cultivo agrícola produz em geral de 3 a 6 meses, enquanto uma árvore pode levar de 4 a 30 anos para ser aproveitada. Quem vive para comer, tirando o pão a cada dia não tem como esperar, assim, o Estado tem importante papel no financiamento e custeio desse tipo de atividade de longo prazo.
A sociedade pode e deve buscar produtos oriundos de florestas manejadas e/ou plantadas, quebrando o paradigma de ver uma árvore no chão, fazer um estardalhaço e chorar, o choro só faz sentido ser for fruto de desmatamento, caso seja proveniente de floresta manejada ou cultivada não há por que, pois, as florestas compõem nosso desenvolvimento. Da mesma forma que uma manga é colhida, uma árvore pode e deve ser colhida e aproveitada seja sua madeira ou produtos, do contrário nosso crescimento para. Assim, os ministérios que cuidam de investimentos devem também estimular a atividade florestal ― do contrário ― as obras e as ações esbarrarão na falta de produtos florestais sustentáveis. Apesar de que na atualidade as diferentes cadeias produtivas não têm produtos sustentáveis em suficiência, estando às mesmas em desequilíbrio.
O uso devido gera emprego, renda, riqueza e distribui muito mais do que as empresas petrolíferas, sobretudo quando se maneja florestas, sem contar que as mesmas podem ser uma fonte inesgotável de produtos e possibilitam maior fixação de carbono a depender das práticas de manejo adotadas.
Por Cristiano Cardoso Gomes

Fonte: www.portaldomeioambiente.org.br