quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Elaboração de políticas para o ensino médio precisam incluir participação dos jovens

A falta de espaço para o jovem colocar sua opinião é apontada pelo coordenador do Observatório da Juventude (http://www.fae.ufmg.br/objuventude/), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Juarez Dayrell, como um dos problemas da construção de políticas para o Ensino Médio. “A juventude tem um papel importante na construção da política. Um dos grandes desafios é criar espaços de diálogo, incentivando o protagonismo juvenil”, afirma.
Para o professor da UFMG, a participação dos jovens é importante para entender a crise do Ensino Médio e pensar soluções. “Os jovens têm o que dizer sobre sua escola, suas demandas e necessidades. Precisamos considerar os jovens como um interlocutor válido”.De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) 2008, no Brasil, há 8.280.875 estudantes matriculados no Ensino Médio regular. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a distorção série-idade é de 44,9% e a taxa de evasão é de 44,9%.Dayrell lembra que o abandono muitas vezes não está relacionado a questões socioeconômicas. “A evasão não se dá apenas para o trabalho. Também ocorre pela falta de significado entre a proposta de escolarização e o sujeito. Qual é o sentido de estar na escola?”.
A pesquisa Motivos da Evasão Escolar, divulgada pela Fundação Getúlio Vargas em abril deste ano, revelou que 40% dos jovens de 15 a 17 anos deixaram de estudar por desinteresse. A segunda razão foi necessidade de trabalhar (27%). A dificuldade de acesso à escola foi apontada por 10,9% dos estudantes.Para o Ministério da Educação (MEC), o problema do Ensino Médio não é só de oferta, mas como tornar a escola mais atrativa para os estudantes. “Hoje a escola está configurada em uma perspectiva de formação que não consegue dialogar com o sujeito que está construindo sua autonomia”, afirma o diretor de Concepções e Orientações Curriculares para Educação Básica, do Ministério da Educação (MEC), Carlos Artexes Simões.Já a professora da Universidade de Brasília (UnB) Wivian Weller considera importante pensar na formação de professores para o Ensino Médio. “As licenciaturas ainda são deficientes. Há a ideia da especialização excessiva. Pouca flexibilidade para pensar um trabalho de áreas. Estamos produzindo algo para depois reciclar”.
De acordo com Dayrell, nas licenciaturas, há pouca sensibilização para as questões da juventude. “Não temos mão-de-obra para capacitação de professores”.IniciativasCom o objetivo de compreender o sentido da escola para os jovens e oferecer um espaço de diálogo, o Observatório da Juventude (http://www.uff.br/obsjovem/mambo/), da UFMG, e o Observatório Jovem, da Universidade Federal Fluminense, criaram o projeto Diálogos com o Ensino.Uma dos eixos do projeto é pesquisar o que os estudantes brasileiros pensam sobre o Ensino Médio. Em agosto, foi realizado, em caráter piloto, um levantamento com mais de 250 jovens paraenses. Reunidos em grupos de discussões, os estudantes precisaram responder duas questões principais: em que a experiência do Ensino Médio contribui ou deixa de contribuir para seu projeto de vida e de futuro?
O resultado do estudo será divulgado somente em novembro.Além do mapeamento, outra iniciativa foi o lançamento do Portal Em Diálogo (http://www.emdialogo.uff.br/). A proposta do site é estimular o debate sobre Ensino Médio, articulando estudantes e professores. Os jovens podem postar suas ideias sobre o ensino, suas experiências na escola e participar de fóruns. O site também promove bate-papo, fóruns e publica notícias de educação. “É um espaço para o jovem falar da sua realidade”, afirma o professor da UFMG.Segundo Dayrell, esses trabalhos podem contribuir para o mapeamento das tendências juvenis e para a compreensão das diferenças regionais e especificidades das juventudes. “Temos de redescobrir formas de despertar o desejo de aprender e colocar o jovem no centro do processo educativo”.
Fonte: Envolverde

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