segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Novo urbanismo: cidades para pessoas em vez de carros

Dominada pelas imposições dos carros, a urbanização moderna levou à construção de cidades segregadas, insustentáveis. Esse modelo agora dá lugar ao chamadoNovo Urbanismo
O futuro é urbano. Até aí nós sabemos. Mais da metade da humanidade hoje vive em cidades, e essa proporção está aumentando à medida que o campo se esvazia. Isso é uma boa notícia para o planeta?
As cidades são responsáveis por dois terços dasemissões globais de gases de efeito estufa. Elas consomem enormes quantidades de energia e água, esgotam o solo, derrubam florestas e atuam como ímã, atraindo indústrias e automóveis que poluem.
Por outro lado, a concentração de grande número de pessoas em um espaço compacto significa que se pode fornecer eletricidade, água, alimento e transporte de maneira mais eficiente e com menos desperdício. Trabalho, moradia, escola e serviços estão mais próximos.
Nos Estados Unidos, a pegada de carbono dos nova-iorquinos é a metade da pegada dos moradores de Denver, e isso se deve, em parte, à maior densidade populacional de Nova Iorque. Os habitantes de Denver moram em grandes casas de subúrbio e precisam de carro para ir a toda parte, enquanto os moradores de Manhattan vivem em apartamentos e podem andar de metrô ou a pé.
Portanto, o impacto ambiental de uma cidade depende de seu tipo de urbanização.
A dimensão humana
Uma cidade é projetada para os carros ou para as pessoas? Ela cresce para cima, como Nova Iorque, ou se espalha horizontalmente, como Denver?
O Novo Urbanismo, um movimento informal de arquitetos, projetistas e planejadores que tem florescido desde os anos 1990, responde a essas perguntas fundamentais sobre a vida urbana por meio da promoção dos seguintes princípios:
- cidades compactas e de alta densidade;
- “caminhabilidade”;
- trânsito de massa;
- uso misto do solo.

À luz desses princípios, as cidades seriam redesenhadas em função das dimensões, dos movimentos e dasnecessidades do corpo humano, em vez de serem projetadas em função do automóvel, o qual requer muito mais espaço e combustível. Os carros também encorajam a expansão urbana, exigindo muitos quilômetros de tubulações, fiações e demais infraestruturas, além de moradias superdimensionadas.
Os centros das cidades se tornariam mais densamente ocupados, combinando áreas residenciais, comerciais e de escritórios, de modo que as pessoas pudessem se locomover facilmente entre elas a pé ou usando transporte público. Novas regras de zoneamento podem ser utilizadas para possibilitar que as pessoas vivam, trabalhem e se divirtam com maior proximidade entre si. Assim, o centro da cidade deixaria de ser um local-fantasma após o anoitecer.
Os edifícios seriam mais altos e as casas seriam substituídas por prédios de apartamentos que poderiam abrigar na cobertura jardins e restaurantes, escritórios e até mesmo estufas para agricultura verticalizada. Edifícios multiúso desse tipo já são a marca registrada de cidades asiáticas avançadas, como Tóquio ou Seul.
A malha viária e de estacionamentos poderia ser reduzida, dando espaço para parques e chácaras urbanas. Otransporte público seria a melhor maneira para se deslocar, como ocorre em Manhattan ou Tóquio.
Muitas cidades europeias construídas na época medieval já têm esse princípio incorporado ao seu tecido urbano e procuraram preservar esse legado.
Outras, no entanto, adotaram a cultura automobilística, o que resultou nos engarrafamentos diários que os londrinos, por exemplo, têm de aguentar. Ao imitar os Estados Unidos, os britânicos se esqueceram de que vivem em uma ilha pequena e populosa, e não em uma vasta área continental.

Nenhum comentário:

Postar um comentário