quinta-feira, 18 de julho de 2013

Brasil perde Bertha Becker, a geógrafa da Amazônia

Bertha Becker em seminário na USP. 2011. Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP

Uma vida dedicada a entender a Amazônia. A geógrafa Bertha Koiffmann Becker dedicou mais de 40 anos de estudos sobre à região. Neste tempo, acumulou prestígio e se tornou referência. Becker morreu na tarde do último sábado (13), aos 82 anos, em decorrência de um câncer do pulmão. Foi enterrada no Cemitério de Vilar dos Teles, em Belford Roxo.

Estudar a expansão da fronteira agropecuária, fenômeno sobre o qual se debruçou no início da década de 70, virou quase uma obsessão. O currículo extenso será resumido aqui. Não há espaço para todas as obras. Becker se graduou em Geografia e História pela antiga Universidade do Brasil (hoje UFRJ) em 1952 e Docente Livre-Doutora em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1970). Realizou pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology - Department of Urban Studies and Planning (1986). Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde se formou, alcançou o cargo de professora emérita e deu aulas por mais de 40 anos. Lecionou também no prestigiado Instituto Rio Branco. Era integrante da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e coordenadora do Laboratório de Gestão do Território - LAGET/UFRJ.

Foi prestigiada com as medalhas David Livingstone Centenary Medal da American Geographical Society e Carlos Chagas Filho de Mérito Científico da FAPERJ.

A geógrafa publicou diversos livros, como “Dimensões Humanas da Biodiversidade – O Desafio de Novas Relações Sociais”, com co-autoria de Irene Garay; “Amazônia: Geopolítica na virada do III Milênio”; e o mais recente “A urbe amazônica - A floresta e a cidade”.

A doutora Ima Célia Vieira, do Museu Goeldi, no Pará, destacou o legado e a amizade que as duas compartilharam. “Bertha Becker era apaixonada pela Amazônia, região que ela escolheu para estudar e que dedicou a maior parte de sua carreira. Bertha era incansável em seus trabalhos de campo, suas análises profundas sobre o território amazônico e o papel das cidades, e seus projetos para a região. Ela sempre esteve preocupada em associar a ciência que fazia com políticas públicas, e o seu último projeto de pesquisa, era exatamente isso: analisar as suas propostas para a Amazônia e os impasses e desafios para a implementação dos projetos de desenvolvimento. Cultivamos uma grande amizade nos últimos 13 anos. Além da ausência imensa, ela nos deixa lembranças e imagens de momentos alegres e descontraídos, ensinamentos que seguirão em novas propostas de desenvolvimento para a região amazônica. Perdemos uma cientista que se pautou pela ética e amor à ciência e uma ativa cidadã. O seu legado científico é imenso, diversificado e acessível a todos que queiram estudar a sua obra”, informou, por e-mail a ((o))eco.

A geógrafa deixa 3 filhos, 8 netos e seu nome na história da geografia do país. 

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