Por Edneida Cavalcanti
Em termos mundiais, as secas representam o tipo de desastre natural que mais reivindica vidas. Segundo a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e Mitigação aos Efeitos da Seca (UNCCD), mais de 1,6 bilhões de pessoas foram vítimas desde 1979. Ainda segundo a UNCCD, no futuro, as secas deverão ser mais graves, mais frequentes e mais abrangentes devido à mudança climática. Isso afetará a disponibilidade de água em muitas regiões do mundo, que já possui mais de 1 bilhão de pessoas vivendo sob severas restrições de água.
O Brasil já conta com um conjunto de políticas e programas que poderiam oferecer respostas mais eficazes a esse fenômeno e os avanços na climatologia e metereologia vem permitindo compreender o comportamento do mesmo. É fundamental que haja efetivamente a gestão do risco de seca, o que inclui minimização das vulnerabilidades e fortalecimento da gestão adaptativa com participação social intensa.
Para o nosso semiárido aprender com os conhecimentos acumulados (acadêmicos e empíricos) e com as as respostas que ações efetiva de convivência com o semiárido vem oferecendo, entendendo que falamos de uma região dinâmica e diversa tanto do ponto de vista dos seus aspectos físicos e biológicos, como da perspectiva socioeconômica e cultural, é de fundamental importância. O aumento da resiliência diante de intensificação de eventos extremos de seca depende diretamente da gestão do conhecimento e mesmo da inserção de novas formas de gerar o conhecimento. Modelos teóricos e metodologias estanques para lidar com sistemas sociais e ecológicos complexos tem levado a resultados frágeis, a custos econômicos e de capital social elevados.
Nas discussões e reportagens que assistimos ao longo desses últimos dois anos de seca, percebe-se o que podemos referenciar como “mais do mesmo”, ou seja, as opiniões e diagnósticos que já existem há décadas. É preciso ao menos novos olhares que ousem perceber a complexidade dos sistemas ecológicos e sociais, sua intrínseca relação e permanente evolução, o que não necessariamente significa que seja para um patamar melhor. É preciso adicionar flexibilidade e criatividade nas instituições para que respostas mais inovadoras surjam e as existentes sejam apoiadas e fortalecidas.
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