segunda-feira, 30 de maio de 2011

Consumismo: uma ameaça ao meio ambiente

Autor: Roberto Colpo

Consumo e consumismo não devem ser confundidos. Aquele é essencial à vida humana, pois serve ao atendimento das necessidades cotidianas das pessoas, tais como: habitação, alimentação, saneamento, instrução, energia, entre outros, que são utilizados para o gozo da vida humana com dignidade.

Consumismo, por sua vez, é o excesso calcado em necessidades desnecessárias, criadas pela ação massificante da mídia.

O jurista Edis Milaré admite haver espécie de “culto ao consumismo” e define como uma mentalidade arraigada em hábitos mórbidos e compulsivos, uma degeneração que agrega fatores culturais, sociais, econômicos e psicológicos. Segue o autor dizendo que o consumista é uma espécie de pessoa mistificada, iludida e auto-iludida que somados na população mundial (milhões), representam uma ameaça global ao meio ambiente porquanto sua ânsia não observa as limitações do planeta, além de contribuir para o desequilíbrio econômico/social (aumenta as desigualdades).

Exemplificando, o consumo excessivo por um, de água potável, tanto para irrigar jardins imensos, lavar calçadas e carros de forma desmedida, contribui para a escassez deste recurso natural. Entretanto, todos, sem distinção entre quem desperdiçou ou não, podem sentir os efeitos de um racionamento. Do mesmo modo em relação à emissão de dióxido de carbono pela utilização de veículos movidos a combustíveis fósseis (gasolina, diesel, gás); a perda da qualidade do ar e o desequilibrado aquecimento do planeta alcança todos, até as próximas gerações, tendo ou não veículos.

O momento é de refletir se é possível e aceitável manter uma sociedade tão desigual e despreocupada com o futuro das próximas gerações. Precisamos incorporar o espírito critico sobre as informações lançadas diariamente, especialmente enquanto revestidas de um modismo ambiental, disfarçando o continuísmo do interesse econômico.

A palavra de ordem no setor produtivo (indústria e comércio) é a ‘sustentabilidade’. Entretanto, a sustentabilidade somente se verifica na inter-relação das dimensões econômicas, ambientais e sociais. Significa dizer que devemos pensar sobre a existência ou não da necessidade de aquisição de determinado produto que almejamos; refletir sobre o impacto desse produto no meio ambiente; se a empresa que o produz observa as regras ambientais; se a empresa respeita seus empregados; se repõe ao ambiente natural a matéria prima retirada na produção; se paga os impostos que reverterão em serviços públicos; entre outras tantas reflexões.

Talvez seja o momento de repensar o modelo de sociedade atual baseado num desenvolvimento econômico (globalizado) que mercantiliza os valores da pessoa humana, criando a falsa idéia de que a pessoa somente se realiza como tal, consumindo (tendo coisas). Logo, “se consumo sou feliz e tenho dever de ser feliz”. Arrisco dizer que a idéia é falsa e contribui para uma sociedade cada vez mais desigual e individualista, que não tem percepção do outro, excluído das promessas de felicidade, nem do meio ambiente que permite a sua própria existência.

É tempo de despertar.

“DIA 05 DE JUNHO, DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE: VAMOS TRAZER ESTA DATA PARA O NOSSO DIA A DIA?” – Bárbara Cavalcanti (Coord. da Agenda Ambiental da FCAP/UPE)

Recife, 2011

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