As águas subterrâneas
O grito ecológico lancinante nasce do olhar para a água. À primeira vista, esse bem parece tão abundante, que merecia o nome de planeta Água e não Terra. A imensa maioria dela mora nos oceanos, mas mesmo a água doce flui abundante por rios e descansa em lagos e açudes. Isso nos salta aos olhos. E por que então os ecologistas anunciam que uma das preocupações maiores da humanidade em breve futuro se voltará para a água potável ? Precisamente por causa da insânia humana de poluir, envenenar rios e lagos, destruir vidas nos mares e transformá-los em cemitérios líquidos.
A pequena consolação de que, ao cavarmos o solo, encontraremos lençóis freáticos abundantes não nos salva, pois eles têm sofrido forte agressão poluente. Tanto uma agricultura carregada de agrotóxico, como a criação de animais à base de tratamentos poluidores terminam envenenando as águas subterrâneas de baixa profundidade.
Nesse cenário cinza, desponta como raio de luz esperançoso, a identificação do aquífero Guarani, que se estende pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Essas águas subterrâneas talvez sejam as mais abundantes do planeta, tendo volume maior que todas as águas dos rios e lagos da Terra. Pesquisadores lançam a público dados esperançosos.
Trata-se de verdadeira cadeia gigantesca, com aproximadamente 1,2 milhões de quilômetros quadrados, de rochas arenosas, saturadas de água, a uma profundidade de 70 a 800 metros. Imensa parte está no Brasil. Por enquanto, segundo estudiosos, essas águas ainda escapam da contaminação de tantas outras fontes de água. Então, mais uma vez, está em jogo a nossa racionalidade e equilíbrio. Tesouro de alto valor estará exposto à insânia da contaminação se o Estado e os cidadãos não se armarem de consciência e luta política para defendê-lo.
J.B Libanio, sj
Fonte: Jornal o Domingo- Semanário Litúrgico- Catequético (31/10/2010)
Nenhum comentário:
Postar um comentário